Maple Bear

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jul 09, 2025

Desvendando o processo de alfabetização bilíngue em crianças: impactos no desenvolvimento linguístico

AUTOR

Maple Bear Brasil

ASSUNTO

Educação Bilíngue

TEMPO DE LEITURA

5 min

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A alfabetização é um dos marcos mais significativos na infância — e quando ocorre em duas línguas, costuma gerar ainda mais dúvidas entre pais e educadores. Afinal, como o bilinguismo influencia a aquisição da leitura e da escrita? Existe idade certa? Alfabetizar em duas línguas pode causar confusão ou atraso? 

Essas e outras questões foram tema do webinar realizado pela Maple Bear com a Dra. Mariana Genesine, otorrinolaringologista especializada em foniatria, que trouxe uma abordagem científica e acolhedora sobre o tema. 

O que é o processo de alfabetização? 

Alfabetizar uma criança é muito mais do que ensinar a ler e escrever. Envolve ajudá-la a compreender que os sons da fala (fonemas) podem ser representados por letras (grafemas). Esse processo é uma construção — e não acontece de forma automática como a fala. O cérebro humano, como lembra a Dra. Mariana, não foi naturalmente "programado" para ler e escrever; trata-se de uma conquista cultural que exige desenvolvimento, estímulo e intencionalidade. 

Como funciona a alfabetização bilíngue? 

Na educação bilíngue, a alfabetização pode ocorrer de forma simultânea (nas duas línguas ao mesmo tempo) ou sequencial (primeiro em uma língua, depois em outra). Independentemente do modelo, uma vez que a criança compreende o sistema de escrita em uma língua, ela é capaz de aplicar esse conhecimento à outra — o que pode, inclusive, fortalecer sua consciência fonológica e ampliar seu repertório linguístico. 

Segundo a especialista, crianças bilíngues constroem um vocabulário mais diversificado e conseguem fazer conexões entre as duas línguas, o que enriquece o processo de aprendizagem. 

Alfabetização bilíngue atrasa o desenvolvimento? 

Esse é um dos maiores mitos sobre o bilinguismo. Estudos mostram que alfabetizar em duas línguas não atrasa o desenvolvimento. Pelo contrário, pode até acelerar certos processos cognitivos. A chave está na exposição prévia: crianças que têm contato com as duas línguas desde cedo, principalmente por meio de experiências lúdicas e afetivas, tendem a apresentar maior facilidade ao iniciar a alfabetização. 

Misturas de línguas, trocas de sons ou palavras no início do processo são comuns — e fazem parte da construção do aprendizado. 

Alfabetização bilíngue e crianças com necessidades especiais 

Crianças com dislexia, TDAH, atrasos de fala ou dentro do espectro autista também podem — e devem — ser alfabetizadas em um contexto bilíngue. A linguagem é a base do processo, e o bilinguismo pode inclusive estimular áreas importantes do cérebro relacionadas à atenção, memória e planejamento. 

Há inclusive estudos que indicam que o bilinguismo favorece o desenvolvimento da teoria da mente, habilidade frequentemente desafiadora em crianças com autismo, e que está relacionada à empatia e compreensão do ponto de vista do outro. Um estudo publicado na revista Autism Research (Peristeri et al., 2021) demonstrou que crianças bilíngues com transtorno do espectro autista apresentaram desempenho superior em tarefas de Teoria da Mente não verbal, em comparação com crianças monolíngues, mesmo quando controladas variáveis como linguagem, funções executivas e nível de severidade do autismo. 

A importância do papel da família 

A família tem um papel fundamental na construção do vocabulário e do interesse da criança pela leitura e pela escrita. Práticas como leitura de livros, brincadeiras com rimas e músicas, contar histórias e incentivar a curiosidade são essenciais — em qualquer língua. O mais importante é criar vínculos positivos com o mundo da linguagem. 

Além disso, é essencial respeitar o tempo da criança, e valorizar cada tentativa como parte do processo de aprendizagem. 

Existe idade ideal para começar? 

O pico da neuroplasticidade cerebral acontece até os 6 ou 7 anos — por isso, quanto mais cedo a criança for exposta ao bilinguismo, maiores serão os benefícios para o desenvolvimento cerebral. No entanto, o aprendizado pode acontecer com sucesso em qualquer fase da vida, desde que respeitado o ritmo e as necessidades individuais. 

A alfabetização bilíngue tem impacto a longo prazo? 

Sim! Adultos que foram alfabetizados desde cedo em duas línguas apresentam vantagens cognitivas, como maior flexibilidade mental, melhor desempenho em tarefas de memória e atenção, além de um possível atraso no surgimento de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer. Forma 

Na Maple Bear, acreditamos que toda criança pode aprender — e florescer — em um ambiente bilíngue por imersão. Nosso compromisso é com uma educação de excelência, que respeita o desenvolvimento individual e promove o aprendizado em duas línguas de forma natural, lúdica e significativa. 

Continue acompanhando a nossa série de webinars para entender como a educação bilíngue transforma o presente e prepara as crianças para o futuro. 

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